
Miguel Hernández realizou uma grande façanha pessoal fora do circuito da WSOP: ficou como vice-campeão no MGM Grand, em Las Vegas, sede do Main Event do Moneymaker Tour, enfrentando no heads-up final o jogador lendário que dá nome ao evento.
O Main Event do Moneymaker Tour registrou um total de 909 entradas e gerou um prize pool de US$1.372.590.
Após uma incrível campanha, Hernández conquistou um dos assentos na mesa final e conseguiu se manter vivo até o duelo final, quando encarou de frente o lendário jogador.
Miguel Hernández contou como foi enfrentar uma lenda
Chris Moneymaker é protagonista de uma das histórias mais marcantes do poker: em 2003, ele ganhou sua entrada para o Main Event da WSOP por meio de um satélite online de apenas US$39 no PokerStars, e acabou se tornando campeão mundial, mudando para sempre a história do jogo.
Miguel esteve frente a frente com ele e contou ao CodigoPoker o que essa experiência significou para ele – e o impacto que teve no seu jogo naquele momento.
– Como você descreveria a dinâmica do heads-up contra o Chris Moneymaker? Teve algum momento em que sentiu ter o controle total da partida?
– Na verdade, eu vinha em uma maré muito boa na mesa final. Eliminei 6 jogadores, o que me deu vantagem de fichas quando cheguei ao heads-up. Estava recebendo boas cartas e estava em um momento ótimo, então aumentei muito minha agressividade – a tal ponto que o Chris, rindo, comentou se eu estava fazendo bullying com ele. Eu tinha o controle, sem dúvidas, mas durou pouco. Ele fez ajustes depois e começou a virar o jogo aos poucos. É um grande jogador, de verdade.
– Que ajustes estratégicos você fez ao enfrentar um jogador com tanta experiência e peso simbólico como o Moneymaker? Mudou sua abordagem em relação aos níveis anteriores?
– Eu tentei bloquear isso, justamente. Tentei não pensar em quem eu estava enfrentando – o próprio Chris Moneymaker, na casa dele, no torneio dele. Procurei afastar esses pensamentos e apenas me divertir e jogar o melhor poker que eu sabia. Na verdade, disse isso para ele antes de começar: que estava feliz de estar ali e poder enfrentá-lo no heads-up.
– Lembra-se de alguma mão chave que tenha marcado um antes e depois no duelo? Como foi viver isso emocionalmente?
– No heads-up em si não teve uma mão específica, porque tudo aconteceu de forma gradual. Mas na mesa final, teve uma mão bem curiosa: eu quase fui eliminado. Eu fui all-in com par de 7 e ele pagou com K J. O flop abriu com um rei, então eu já me levantei, peguei minha mochila…, mas aí caiu outro 7 no river e eu me salvei, voltei a me sentar.
– O que você aprendeu com esse duelo, tanto técnica quanto mentalmente? Ele deixou alguma lição que você quer aplicar em torneios futuros?
– Com certeza aprendi que preciso estudar muito mais a parte de heads-up, isso ficou claro para mim. Por outro lado, aprendi muito sobre a importância de ter uma mentalidade forte – algo que é até mais importante do que a parte técnica em si.
– Como você lidou com a pressão de estar tão perto do título contra uma figura histórica do poker? Isso atrapalhou ou motivou?
– Para falar a verdade, zero pressão. Eu já me sentia completamente vencedor naquele ponto. Desde o momento em que consegui pelo menos um ITM, já me senti triunfante. O torneio teve um field muito difícil, cheio de profissionais e jogadores com braceletes da WSOP. Na mesa final, eu literalmente sorria a cada mão que recebia.
– O que representa para você ter chegado ao heads-up de um evento que leva o nome do Moneymaker? Acha que esse resultado pode marcar um ponto de virada na sua carreira?
– Para ser sincero, me surpreende muito a repercussão que isso teve, porque recebi muitas felicitações e contato da imprensa, como agora. Como jogador, significa muito – é um sonho realizado. Embora eu não me dedique profissionalmente, foi uma experiência incrível. O mais importante que levo comigo é a mensagem de que nós, mexicanos, estamos prontos para grandes conquistas.