
Santa Catarina, campeã brasileira de poker por equipes em 2016, ficou fora das últimas cinco edições do torneio devido a problemas administrativos na sua federação estadual. Agora, sob o comando do experiente jogador Rodrigo Garrido , a Federação Catarinense de Texas Hold’em (FCTH) foi reestruturada e o estado voltará a disputar o título nacional em 2025. A seleção catarinense está confirmada entre as participantes do próximo CBPE, marcando o fim de um longo hiato sem representação de Santa Catarina na competição.
As dificuldades internas na FCTH explicam esse hiato. Conforme relato de Garrido, após a saída dos fundadores da entidade (ativa desde 2009), a nova gestão que assumiu por volta de 2018 deixou de organizar o circuito catarinense e até de responder às solicitações da Confederação Brasileira de Texas Hold’em (CBTH). Sem eventos oficiais nem comunicação, a federação catarinense entrou em inatividade e acabou perdendo seu reconhecimento oficial em 2024, mas já estava impedida de enviar uma seleção estadual ao CBPE nos anos anteriores.

Rodrigo é o técnico do estrelado time catarinense
Mesmo sem uma federação oficial, o poker não parou em Santa Catarina. Circuitos independentes continuaram movimentando o cenário local, caso da Liga Catarinense de Poker (LCP) e do Santa Catarina Poker Tour (SCPT), que realizaram torneios regulares com boa participação e premiações atrativas. Essas competições mantiveram o interesse dos jogadores catarinenses durante o período de vacância da FCTH.
No entanto, por não serem vinculados à CBTH, nenhum desses eventos dava direito a vagas no Brasileiro por Equipes – e o estado seguiu sem representação nacional pelos últimos cinco anos.
Reestruturação da FCTH e volta em 2025
Diante desse cenário, Garrido – único jogador presente em todas as formações da seleção catarinense desde a criação do Campeonato Brasileiro de Poker por Equipes, incluindo o título de 2016 – resolveu agir para resgatar a participação de Santa Catarina. Muito cobrado pela comunidade local e incentivado por dirigentes da CBTH, Garrido liderou a criação de uma nova Federação Catarinense de Texas Hold’em. A entidade foi formalizada no início de 2025, com sede em Jaraguá do Sul, tendo Garrido como presidente.

Campeões de 2016
“Eu decidi assumir a federação para arrumar a casa e regularizar o que estava parado”, comentou o dirigente em entrevistas sobre a motivação por trás da reestruturação.
Com a situação institucional resolvida, a principal meta imediata da nova FCTH foi confirmar a volta de Santa Catarina ao Campeonato Brasileiro de Poker por Equipes. A seleção catarinense não participava do torneio desde 2019, mas agora retorna sob nova gestão e comando técnico do próprio Rodrigo Garrido.
O CBPE 2025 será disputado de 21 a 22 de julho, em São Paulo, durante a etapa BSOP Winter Millions, reunindo 23 seleções estaduais em busca do título.
Novos planos: circuito forte e seleções por mérito
Com a federação ativa novamente, os planos de Garrido para o futuro do poker catarinense incluem o lançamento de um circuito estadual oficial robusto. A ideia é integrar todos os clubes de poker do estado – inclusive os menores do interior – em uma série unificada de torneios, sob chancela da FCTH e da CBTH. Esse Campeonato Catarinense servirá como base para a formação da seleção.
“Queremos fazer um circuito forte, que ajude os clubes do estado e dê ao campeão do ranking a chance de integrar a seleção catarinense no ano seguinte”, revelou Garrido sobre os próximos passos da nova gestão.
Cada seleção estadual no CBPE é composta por seis jogadores, além de um técnico, sendo obrigatória a presença de pelo menos uma mulher entre os convocados e do campeão estadual. A FCTH pretende seguir essas diretrizes e, ao mesmo tempo, garantir que a equipe seja formada pelos atletas de maior destaque no cenário local.
“Desde a criação do CBPE, em 2013, a CBTH estabeleceu como diretriz que cada federação estadual leve apenas seus melhores representantes para manter o prestígio e o nível técnico da competição. Em alguns casos, há adaptações, como a escolha do campeão e do vice do ranking, ou ainda a indicação dos líderes de modalidades diferentes, como No-Limit Hold’em e Pot-Limit Omaha, o que é aceito”, enfatiza Garrido, indicando que o critério técnico prevalecerá nas convocações. “Por outro lado, levar todos ou quase todos os jogadores do ranking estadual vai contra o espírito do torneio e é proibido pelas regras da CBTH, justamente para preservar a lógica da competição”, finaliza.
Segundo o presidente e técnico catarinense, há dois caminhos principais para um jogador do estado vestir a camisa da seleção:
Convocação por mérito: atletas com resultados de destaque e notoriedade no poker catarinense podem ser chamados diretamente pela comissão técnica para compor a equipe.
Vaga via ranking estadual: os competidores que disputarem o circuito oficial da FCTH e terminarem a temporada no topo do ranking terão direito a uma vaga automática na seleção do ano seguinte.
Devido à ausência de um circuito oficial nos últimos anos, a escalação catarinense de 2025 foi feita inteiramente por convocações diretas – cumprindo apenas a regra de ter uma mulher no time. Ainda assim, a nova gestão fez questão de prestigiar um dos talentos local: Ax de Castro , jogador de Itajaí e bicampeão do ranking anual de um dos circuitos não oficiais, foi incluído na seleção como reconhecimento ao seu desempenho nos circuitos independentes. Garrido destaca que a convocação de Ax se deu por merecimento, mesmo não havendo obrigatoriedade de levar um campeão estadual nesta edição.

Ax de Castro foi bicampeão catarinense
Encerrado o jejum de cinco anos sem participar do Brasileiro por Equipes, Santa Catarina inicia um novo ciclo no poker competitivo. A expectativa da comunidade local é que, com a “casa em ordem”, o estado volte a brigar de igual para igual com as demais federações. Sob a liderança de Garrido, a seleção catarinense busca reviver os tempos de glória – como o inesquecível título nacional de 2016 – e escrever um novo capítulo vitorioso para o poker de Santa Catarina.
Santa Catarina é historicamente um estado com muitos competidores de ponta e depois da divulgação da convocação já é apontada como uma das favoritas ao titulo desse ano, devido ao alto nível e incrível fase dos seus selecionados, incluindo dois campeões da WSOP em Las Vegas: Gabriel Schroeder e Kelvin Kerber
. Além de Ax, a dupla vai ter a companhia de Camila Kons
, Dalton Hobold
e Fabiano Kovalski
.

Campeão em 2016, Kelvin retorna ao time catarinense