
Gaspar Fernández não precisa de pose nem discursos prontos para conquistar o público: ele faz isso com histórias. No podcast ‘Las Cartas sobre la Mesa’ do Enjoy Punta Poker, ele relembrou sua trajetória no poker, de um clube social na sua cidade natal até se tornar presença constante nos torneios mais difíceis da América Latina e da Europa.
“O caminho é longo e duríssimo. Não é que você está em casa e amanhã joga um torneio grande. Você vai subir, vai cair, e vai ter que subir de novo. Essa é a vida do jogador”, disse Gaspar, integrante do Enjoy Team, com a sinceridade de quem viveu cada etapa da jornada.

Gaspar Fernández, membro do Enjoy Poker Team.
“Não fico obcecado por ganhar, mas por entender”
Gaspi, recém-campeão do Second Chance no último Enjoy Poker Tour, falou sem rodeios sobre como mudou sua relação com a competição: “Antes, eu só ligava para o resultado. Hoje entendi que, se eu jogar bem, fico em paz. Não fico obcecado por ganhar, mas por entender».
Para ele, o poker é mais paixão do que dinheiro: “Se você joga por dinheiro, você perde. Tem que jogar porque ama o poker. Porque gosta de pensar, estudar, ler o outro. O dinheiro é consequência”.
Ele também contou como aprendeu a lidar com os erros e a frustração: “Perder um pote gigante me destruía. Hoje eu levanto, saio, respiro e volto. Se eu me irritar na mesa, entrego o torneio”. Sua fala deixa claro que o verdadeiro caminho do poker não se mede apenas em bankroll ou resultados, mas em como você reage às quedas.

Gaspy Fernández conquistou o Second Chance do último Enjoy Poker Tour.
A trajetória nada convencional de Gaspar Fernández
Antes de se tornar jogador, Gaspar foi coordenador de viagens de formatura, churrasqueiro profissional e ainda é dono de uma pequena churrascaria em sua cidade. Começou no poker em jogos com amigos e, de lá, foi parar em Barcelona, no Brasil e até em mesa final de torneio de 20K transmitido ao vivo. “Eu jogava nos campeonatos do clube. Ganhava, me divertia… até que um dia fui para Rosario, me classifiquei e aí peguei gosto. Desde então, o poker mudou minha vida”.
Gaspi é conhecido por seu jeito direto e bem-humorado na mesa: “Eu dizia ‘vou com todas’ em vez de all-in. Os caras riam, mas eu estava super focado”. Uma das confissões mais engraçadas do episódio foi sobre seu ritual mais íntimo: “Se me classifico ao próximo dia, tomo banho e, no dia seguinte, jogo com a mesma cueca. Me dá vergonha dizer isso, mas me deu muito resultado”.
Também contou sua rotina antes dos torneios: “Não desço para tomar café. Acordo, tomo chimarrão, fico ali com o kit do chimarrão. Às 3 ou 4 da tarde peço algo para comer. Depois da última mão, como tudo, óbvio”. Gaspi vive o poker com emoção, mas também com cabeça fria: “O salão não é lugar para demonstrar raiva. Se me quebram um full, eu me levanto, cumprimento e vou xingar no quarto. Ninguém precisa ver sua cara amarrada”.
Maturidade e mentalidade no jogo
A vitória no Second Chance teve um gosto especial: “Cheguei no Dia 2 com 5 blinds. Nunca imaginei que fosse ganhar. Mas fui construindo, mão a mão. E ganhei”. Ele contou que até cometeu erros na reta final: “Joguei mal uma mão com damas. Senti na hora. Mas aprendi a não ficar preso nisso. O torneio continua”.
Gaspi também falou da importância do suporte emocional: “Tive coaching, me ajudou muito. O erro dói, mas se você não solta logo, entrega o torneio”. E finalizou com um recado para quem quer trilhar esse caminho: “Tudo na vida é possível se você sente de verdade. Mas que fique claro: o caminho do poker é longo, duríssimo… e maravilhoso”.