
Todos nós conhecemos essa sensação — ela aparece em qualquer área da nossa vida e, por mais que tentemos escondê-la, ela sempre está lá. No poker, pode surgir quando você está prestes a fazer um bluff, pagar uma aposta alta ou entrar em um torneio com buy-in elevado. A mão treme um pouco, a mente acelera, e aí ele aparece: o medo.
Muitas pessoas acreditam que, para ter o melhor desempenho, é preciso eliminá-lo, tirá-lo da nossa vida. Mas, apesar da má fama, o medo é, na verdade, um mecanismo de sobrevivência que nos leva a responder com rapidez e eficácia diante de um perigo ou de uma situação adversa.
O medo não é o problema: ele é o indicador do problema
O medo é o resultado de uma comparação entre duas interpretações:
A) Interpretação de recursos
B) Interpretação de ameaça
A emoção do medo é um indicativo de como você compara a percepção dos recursos que possui com aquilo que identifica como ameaça. Ele tem uma função biológica: proteger você. Pode evitar que se coloque em situações de risco físico ou emocional. Não existe medo injustificado. Mas… como fazer para que esse medo jogue a seu favor, protegendo você, em vez de paralisá-lo e torná-lo previsível e vulnerável diante dos adversários?
Como transformar o medo em aliado?
Aqui estão cinco passos concretos para que o medo se torne seu aliado:
1. Dê nome a ele
É o primeiro passo para tirá-lo das sombras. Torná-lo mais concreto o torna mais fácil de lidar. O que não é nomeado nos controla; o que é nomeado se transforma.
2. Ouça a mensagem, não a ordem
O medo costuma ser um mensageiro disfarçado de ameaça. A chave está em não obedecê-lo cegamente, mas sim perguntar-se o que ele quer dizer e que informação valiosa pode trazer.
3. Diferencie o real do imaginado
Quando você distingue o que realmente está acontecendo do que acredita que pode acontecer, recupera a clareza. O medo se torna menos ameaçador e muito mais administrável. Ele não desaparece, mas deixa de ter o controle.
4. Reforce seus recursos
Como já dissemos, o medo surge da forma como você interpreta a ameaça e de quanto acredita ter para enfrentá-la. Por isso, faça um inventário dos seus recursos:
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Quais ferramentas você tem hoje?
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O que funcionou no passado?
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A quem você pode recorrer que já tenha passado por situação semelhante?
Quanto mais recursos você identificar, menos inquietante será a ameaça e menor será o seu medo.
5. Avance com medo, não contra ele
Não se trata de eliminar o medo para agir, e sim de mover-se com ele ao seu lado. Esperar sentir-se completamente seguro é uma desculpa perfeita para não fazer nada.
O medo não vai embora
E isso é bom, pois significa que você está saindo da sua zona de conforto e que o que está prestes a fazer realmente importa. O segredo não é eliminar o medo nem se render a ele, mas caminhar junto a ele, sem deixá-lo definir o rumo — agindo a partir do seu centro, da sua versão que decide com estratégia, e não com emoção.
Não entregue suas fichas ao medo. Escute-o, aprenda com ele… e depois, jogue a sua mão.