
Nos últimos anos, o Brasil se tornou uma verdadeira referência para a indústria do poker na América do Sul. O olhar profissional e empresarial aplicado ao jogo foi responsável por um crescimento e uma profissionalização que ainda não são vistos em outros países da região. Igor Federal , que foi presidente do BSOP por anos, e Marcos Sketch
conversaram com o portal BSOP.com sobre como essa visão de negócios ajudou a impulsionar o poker no país.
Federal destacou: “O grande mérito foi que, há 18 anos, eu enxerguei o poker como um negócio. Aqui já existia paixão pelo poker, pelas mesas, mas eu viajei para os Estados Unidos e vi a verdadeira magnitude do esporte. Depois fui para a Europa e entendi o que ele representava lá. Vi que existiam revistas, sites, ou seja, uma indústria inteira por trás. Empresas que organizavam torneios. Acho que o grande mérito foi combinar o mundo dos negócios com o poker.”

Hoje, Igor Federal joga poker apenas por diversão.
Já Sketch contou como foi sua trajetória, que acabou levando à criação de uma das maiores escolas de poker do Brasil: “Como eu estudava muito o jogo e percebia que tinha um conhecimento técnico acima da média, mas não tinha tempo para jogar por causa do meu trabalho, surgiu a ideia de ensinar e monetizar isso de uma forma diferente da aula tradicional. Então me juntei com o Will Arruda e o Caio Brites
e criamos a 4-Bet, que na época foi a primeira escola de staking do mundo – o que no Brasil a gente chama de ‘time de poker’, mas que é um modelo de staking, trocando ensino por um percentual dos resultados.”
Mas não foi só o mundo dos negócios que ajudou o poker a crescer. O próprio poker também transformou a vida profissional dos dois. Federal explica: “O que o poker trouxe para minha vida profissional, basicamente, foi tudo. Disciplina, paciência, saber não ser orientado apenas por resultados. Entender que, se você faz as coisas certas no longo prazo, os resultados vêm. Tem também a base racional, a leitura das pessoas. Cada mão de poker é uma negociação”.

Marcos Sketch segue jogando enquanto cresce como empresário na indústria.
Sketch completa: “Eu acabei usando minha experiência como jogador para empreender no mundo do poker, principalmente a parte mais analítica e matemática, que me ensinou muito sobre finanças. No ano passado, por exemplo, eu fiz uma grande turnê com minha banda, depois de nove anos sem fazer nenhum show. E percebi o quanto esses nove anos, cheios de aprendizados no poker, fizeram diferença. Eu passei a aplicar o que aprendi no poker nos negócios de uma maneira completamente diferente.”
Federal também destaca o lado social do poker e acredita que ele se tornou um ambiente perfeito para gerar conexões de alto nível: “O poker é o novo golfe, né? Só que o golfe é menos democrático, porque é difícil e muito caro ter acesso a campos e equipamentos. Já o poker une as pessoas de uma forma muito mais democrática. Você pode fazer um torneio de 10 centavos, pode fazer um torneio gratuito. Como é que você joga golfe de graça? E no poker, homens e mulheres jogam juntos, pessoas de diferentes idades, com mais ou menos habilidade. Por isso, o poker é maravilhoso.”, finaliza.